Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
“Terminado o caso Lázaro, que inclusive contou com um cão da Polícia Militar de Goiás que mostrou ao efetivo onde ele estaria, vimos a necessidade de trabalhar essa modalidade para que a gente possa atuar em uma situação parecida com mais excelência. Buscamos conhecimento e agora estamos aplicando e treinando muito”, explica o chefe da pasta de busca por odor específico do BPCães, 2º sargento Leandro.
Em outubro do ano passado, uma equipe foi até ao Centro de Treinamento Vale dos Cães, em Jaraguá do Sul (SC), para aprender o método e buscar Sherlock e Fiona, dois cães da raça bloodhound, conhecida pela habilidade de animais farejadores. “Fizemos um curso nessa área, que é busca por odor específico. Buscamos tanto o conhecimento teórico quanto o prático e trouxemos para Brasília para adaptar à nossa realidade”, conta.
Além dos dois bloodhound, Átila, um pastor belga malinois, também já está habilitado exclusivamente para o método. Outros sete cachorros do batalhão foram certificados, mas ainda não atuam, porque também fazem detecção de substâncias e guarda e proteção. A intenção é que, em breve, eles passem a participar das ações.
A prioridade do método é a utilização na busca de criminosos escondidos em áreas de mato. No entanto, também é usado para situações de busca e resgate de pessoas perdidas. “A gente vai começar a atuar até para ser uma forma de treinar os nossos cães para que, quando uma situação real com criminoso acontecer, já estejamos preparados e os cães também para servir à comunidade”, completa.
Os cães são treinados para reconhecer o cheiro da pessoa procurada a partir de objetos, que são colocados dentro de um saco para que o odor possa ser transferido. O material é colocado próximo ao focinho dos animais por alguns segundos para que seja detectado. Em seguida, eles são recompensados com brincadeiras ao ficarem quietos para sentir o cheiro e depois partem para a caça. Ao encontrarem o procurado reconhecendo o rastro do odor, eles são recompensados novamente.
Efetivo e treinamento
Com capacidade para 60 cães policiais, o BPCães tem, atualmente, 52. Todos são designados a um policial específico, com quem ficam por cerca de oito anos. Ao todo, o batalhão tem 120 militares, desde condutores de cães a outras funções.
Em geral, o efetivo de cães policiais do batalhão é composto por animais da raça pastor belga malinois, considerado um cão versátil e com boa saúde. Os treinamentos começam quando os animais completam três meses de idade.
“O cão policial tem que ter características específicas para o trabalho. Tem que ter impulso muito alto de caça e de presa. Tem que ter essa vontade de caçar e de procurar a presa e de fazer a proteção do policial. São impulsos que a gente busca nos filhotes”, explica o comandante do BPCães, major Carlos Reis.
Além do rastreamento de pessoas, os cães fazem detecção de drogas, armas, munição e explosivos. Para que fiquem aptos para os serviços, os animais são treinados a associar os odores a uma brincadeira. Os cães são apresentados às substâncias por meio de caixas e panos impregnados.
“Tem muita gente que fala que a polícia vicia os cães, mas é uma falácia. O cão em nenhum momento tem contato com a droga ou a substância, mesmo porque iria causar um dano fisiológico. O que a gente faz é associar o odor ao brinquedo. Para ele, é só uma brincadeira”, classifica o condutor de cão de detecção, 3º sargento Botelho.
No caso da detecção de substâncias, os cães podem sentar ou deitar para informar aos policiais a existência de drogas. Logo em seguida, são recompensados com uma brincadeira com bola. Os trabalhos dos cães policiais podem ocorrer nos mais variados locais, como aeroporto, rodoviária, embarcações, edificações e chácaras, ou qualquer área em que as equipes sejam acionadas.
A parte da detecção de explosivos funciona em duas frentes: de forma preventiva em grandes eventos, embaixadas e situações sujeitas a qualquer atentado, e também em situações de objetos suspeitos encontrados na rua. Já o tratamento com os animais também é diferente. Por segurança, eles sentam ou deitam e depois são convidados a voltar até os condutores e apenas longe do artefato são recompensados com brincadeiras.
“Nessa situação, os cães estão preparados para identificar previamente se um artefato é explosivo ou não, evitando o contato humano. Os cães são treinados a irem à frente e sinalizar. Logo, a gente aciona o aparato com esquadrão antibombas”, explica o responsável pela detecção de explosivos do BPCães, cabo Israel.