Cerrado ganha obra infanto-juvenil

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Cerrado ganha obra infanto-juvenil

Bióloga brasiliense Nurit Bensusan dá início a novo projeto de popularização da Ciência. Autora acaba de ser homenageada com Ziraldo, na 8ª edição da Festa Literária de Pirenópolis




As árvores retorcidas e a vegetação rasteira típicas do Cerrado serviram de inspiração para o novo trabalho da bióloga Nurit Bensusan. Mais do que retratar paisagens, a obra Cerrado: bioma Torto? estimula a reflexão de crianças e adolescentes sobre a desvalorização do segundo maior bioma brasileiro, que possui taxas de desmatamento maiores que as da Amazônia. Da editora Mil Folhas e Três Joaninhas, o livro é o segundo de uma série de títulos com temáticas ambientais, que se iniciou ano passado, com o livro da mesma autora, Dividir para quê? – Biomas do Brasil. O lançamento será no próximo sábado (10/12), às 17h, no café Objeto Encontrado, na Asa Norte (DF). O evento é aberto ao público e contará com a presença do músico Marcello Linhos, que irá apresentar músicas de seu novo CD, Violinha Caipira, todas inspiradas no Cerrado.

Ao preencher lacunas deixadas por materiais didáticos, Nurit Bensusan conta que seu mais novo projeto consiste em explorar, de forma interessante e instigante, temas específicos que dialoguem com os seis biomas brasileiros. Nas 32 páginas do livro são apresentadas “as várias caras do Cerrado” por meio de curiosidades e referências socioculturais esmiuçadas em uma linguagem simples e bem humorada, com ilustrações divertidas do escritório de design Grande Circular. 

“Ao iniciarmos esta sequência de cinco obras, buscamos retratar especificamente o Cerrado porque, coitado, além de ninguém dar bola para ele, não há obras desse tipo para as crianças. Nossa intenção é suprir essa lacuna e, claro, aprofundar o tema por vivermos em Brasília, região mergulhada no Cerrado.”, comenta a autora, que antecipa conteúdos voltados para os mares, as florestas, a agricultura e a domesticação de espécies nos próximos livros da coleção.

Bioma azarado

Retratado pela pesquisadora como “um bioma azarado”, o Cerrado, apesar de ser a origem das bacias hidrográficas do Prata, São Francisco e Tocantins-Araguaia, e possuir mais de 4 mil plantas exclusivas, não recebe, segundo Nurit, a atenção devida da sociedade. Doutora em Educação e mestre em Ecologia, a escritora questiona a percepção de como enxergamos o Cerrado, o que impacta sua conservação nos estados da região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), além do sul do Pará e Maranhão, interior do Tocantins, oeste da Bahia e Minas Gerais, e o norte de São Paulo.

“Mesmo ele sendo esse bioma super especial, com a maior diversidade de árvores do mundo, o Cerrado teve o azar de estar no Brasil, um país rico em belezas naturais e que possui outros biomas que roubam a atenção. E como as pessoas não são educadas para ver beleza no Cerrado, por ele ser um ‘bioma torto’ e tido como feio, essa percepção acaba atrapalhando sua conservação”, afirma. “E isso é tão gritante que a falta de importância dada ao Cerrado é sinalizada até mesmo em nossa Constituição Federal, que diz que a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica são patrimônios nacionais, mas o Cerrado….”.

Muito além dos ipês

Conhecidos por sua exuberância, os ipês e os flamboyants ganharam status de novos símbolos da Capital, com direito a campanhas sazonais de registros fotográficos. A bióloga vê com preocupação a tendência da “conservação do belo” em meio ao avanço da agricultura e da pecuária, ameaças predominantes na região Centro-Oeste.

“Os flamboyants estão presentes em mais de cem países, mas em Madasgascar, onde ele é nativo, praticamente não existe mais. Então, quando vemos flamboyants por aqui, vemos apenas um lembrete de um bioma que não existe mais e é esse risco que a gente corre com o Ipê. Esta é uma árvore que está cada vez mais ameaçada por ter uma madeira que vale muito dinheiro e, como a floração dela é chamativa, ela é facilmente achada e explorada, levando em mais de 60 anos para se regenerar.”, exemplifica.

Finalista do prêmio Jabuti em 2013, Nurit Bensusan também revela em seu oitavo livro infanto-juvenil os primeiros habitantes do Cerrado, os tipos de vegetação, bichos e plantas peculiares do bioma, além da influência deste no dia a dia dos brasileiros. A pesquisadora destaca ainda a importância desse tipo de savana, que trocou o exagero da fauna pela flora em relação às demais, para a regulação do clima e a manutenção de espécies diversas. E faz um alerta: as taxas de desmatamentos do Cerrado são maiores que as da Amazônia. 

“A proteção do Cerrado, em áreas de conservação, é outra medida que mostra a pouca importância que esse bioma tem. Somente 8,3% dele estão dentro de unidades de conservação. Esse total não é suficiente para manter a biodiversidade do Cerrado, principalmente porque, fora desses espaços protegidos, a destruição total tem sido a regra”, aborda a obra.

O Cerrado é Flicts

Na ocasião da 8ª edição da Festa Literária de Pirenópolis (Flipiri), Nurit Bensusan foi homenageada juntamente com Ziraldo, no último dia 18, durante conferência sobre Literatura e Natureza. Ao antecipar a apresentação do livro Cerrado: bioma Torto?, a escritora aproveitou a presença do grande ídolo do público infantil para brincar com o tema em alusão à história de Flicts, obra de Ziraldo, que aborda uma cor diferente que não se encaixava no arco-íris. “Foi engraçado e conveniente fazer esse paralelo. O Ziraldo gostou bastante da minha adaptação, mas ao final, eu tive que dizer que apesar de flicts ter um lugar especial, porque a lua é flicts, eu espero que o lugar especial do Cerrado não seja na lua”, conta.

Serviço: 
Data: 10 de dezembro de 2016 (sábado)
Hora: 17h
Local: CLN 102, Bloco B, Loja 56 (Asa Norte)
Classificação: livre
Valor do livro: R$ 40,00
Pontos de vendas: livrarias em geral e site da editora Mil Folhas: http://livraria.iieb.org.br/

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