Resultado de quatro anos de pesquisa, a exposição vai de 28 de novembro a 12 de janeiro e faz um passeio entre a dor e a delícia de ser mulher
Esculturas, desenhos, pinturas e objetos compõem a exposiçãoes Pretéritas, da brasiliense Christiane Contreiras. Com curadoria de Rogério Carvalho, a mostra estreia no dia 28 de novembro e fica em cartaz até 12 de janeiro, no Espaço Cultural Renato Russo, com entrada gratuita.
Com uma carreira de duas décadas, Christiane já participou de mostras e teve obras expostas em galerias de Nova Iorque, Amsterdã, Budapeste e Haia. Em Lesões Pretéritas ela apresenta o resultado de quatro anos de pesquisa e exprime questões universais e culturais presentes na vida das mulheres, como a opressão, o silenciamento, a negação de direitos, a violência, o feminicídio, temas recorrentes em seu trabalho.
A exposição sintetiza, ainda, a síndrome do ninho vazio que passou a sentir quando a filha mais nova resolveu sair de casa, a exemplo do que ocorreu com a mais velha, anos antes, somado ao isolamento social imposto pela pandemia de Covid 19.
Para Rogério Carvalho, um dos mais importantes curadores em atuação no Brasil, ao converter dor em arte, Christiane transforma suas obras em manifestações de resistência, resiliência e emancipação.
“O espectador é envolvido por uma atmosfera de acolhimento e confronto. Cada obra é como um grito silencioso, um convite para testemunhar as camadas de dor e superação que marcam a história das mulheres. Lesões Pretéritas transforma o sofrimento em memória ativa, onde cada obra convida o público a refletir e agir, pois a violência contra a mulher é uma ferida aberta na sociedade e demanda cura”, afirma.
Atadura gessada
Foi do isolamento social e da solidão que surgiu a técnica que ganha destaque na exposição: a atadura gessada. “Tudo estava fechado e o lugar mais acessível era a farmácia. Foi lá que percebi que a gaze poderia ser matéria-prima para as esculturas que remetem tanto à doença quanto à cura. Eu também me sentia engessada, mas chega uma hora que a gente precisa se livrar da imobilização”, diz Christiane.
De acordo com Rogério, o gesso, com sua função de proteção e contenção, torna-se uma metáfora tanto para as marcas visíveis quanto para as feridas emocionais e psicológicas que o machismo impõe às mulheres.
“As pinturas e desenhos presentes na exposição trazem rostos e corpos femininos entrelaçados em movimentos de determinação, revelando a complexidade da experiência feminina em uma sociedade que insiste em impor limites sobre seu corpo e sua voz. A mostra não apenas denuncia violações, mas também celebra a resistência e a capacidade de renovação das mulheres”, completa.
Serviço
Abertura: 28 de novembro às 19h
Visitação: 29 de novembro a 12 de janeiro
Local: Espaço Cultural Renato Russo – Galeria Rubem Valentim (W3 Sul – Qd. 508, 67 – Bloco A – Loja 72, Brasília, DF)
Horário: 10h às 20h
Entrada: Gratuita
Classificação indicativa: Livre