Foto: Rinaldo Morelli/CLDF
Jorge Eduardo Naime disse que o esperado seria deixar a tropa de “prontidão” nos quarteis, e não de “sobreaviso”
Em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira (16), o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, que estava de licença no dia 8 de janeiro, afirmou que o efetivo mobilizado no episódio não seguiu o padrão operacional da corporação. Documento da PM apresentado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), aponta que havia apenas 200 alunos do curso de formação de policiais, e “o restante” de sobreaviso.
“Me causa estranheza ter usado somente os alunos. Realmente eu acho que precisa haver uma revisão nessas escalas e ver se realmente isso aconteceu porque foge completamente do que é o nosso padrão”, afirmou.
Preso na âmbito da 5ª fase da Operação Lesa Pátria, Naime também disse que o esperado seria deixar a tropa de “prontidão” nos quarteis, e não de “sobreaviso”, quando os policias ficam em casa. No dia da posse presidencial, o efetivo utilizado, ainda segundo o coronel, foi de 2193 policias. Naime também afirmou que a única informação que a PM recebeu, em reunião da qual participou o secretário interino de Segurança Pública, Fernando Oliveira, foi a de que “a manifestação daquele final de semana era com ânimos tranquilos e com baixa adesão”.
O ex-comandante relatou que nunca havia visto “tanta facilidade” na invasão dos prédios, ressaltando que faltou resistência mínima nas sedes dos poderes. “Se todo mundo estava sabendo, por que só tinha 16 policiais no Congresso Nacional, de 500?”, questionou. Ele ressaltou que poderia ter havido mortes se a polícia “não tivesse tido parcimônia” e “não tivesse agido de forma inteligente”.
Ainda segundo o Naime, os terroristas utilizavam técnica de guerrilha e contraguerrilha e a polícia disparou 4 mil tiros de borracha para contê-los.
Mario Espinheira – Agência CLDF