Federação interestadual promete combater precarização do trabalho nas indústrias de Alimentação do Norte
Trabalhadores da categoria nos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia querem unificação de pisos salariais e melhores condições de trabalho
Por Clarice Gulyas
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) participou nessa sexta (27/3) da Assembleia de Fundação da Federação Interestadual dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Bebidas dos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia. O evento reuniu representantes de cinco sindicatos locais em Porto Velho (RO). A iniciativa tem como objetivo o fortalecimento sindical para busca de melhorias das condições salariais e de trabalho de aproximadamente 30 mil trabalhadores, nos três Estados.
Para Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA Afins, a criação da federação interestadual significa avanço nas conquistas de direitos dos trabalhadores da categoria, sobretudo, no combate à precarização do trabalho e diferenças salariais. Ele explica que, em caráter provisório e com duração de um ano, a diretoria da federação ficará a cargo do Amazonas, ocupando os cargos da presidência e da diretoria de finanças. Já a vice-presidência será de Rondônia. A expectativa é que daqui a um ano, a federação reúna mais sindicatos para poder realizar uma eleição de forma mais transparente e democrática.
“Com esta federação, poderemos, a partir de agora, unificar a luta dos trabalhadores nesses importantes Estados. E o objetivo maior é levantar a discussão dos vários setores da Alimentação, como frigoríficos, bebidas, panificação, entre outros. Queremos, posteriormente, elevar essa discussão a nível nacional junto com outros Estados para que possamos unificar a luta em todo o Brasil”, comenta Bueno, que classifica o piso salarial e as condições de trabalho na região Norte como “precárias”, em comparação com Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
De acordo Marcos Cardoso dos Santos, vice-presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Bebidas dos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia, e presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de Rondônia (Sintra-Intra-RO), a iniciativa também terá o importante papel de combater os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais na categoria. Ele denuncia que “os trabalhadores são massacrados nas indústrias de Alimentação” e que o Estado de Rondônia é “desamparado por todos”.
“Tem frigorífico aqui que tem 600 funcionários e nem ambulância tem para carregar o próprio doente. Hoje, dos seis frigoríficos que tem aqui, só dois possuem ambulância, e talvez nem técnico em segurança (do trabalho) não tem. Nós vamos ao Ministério Público, mas até analisar, eles demoram, então, a presença da confederação nesse evento foi como uma mãe que apareceu para nos ajudar”, comemora o dirigente sindical.
O Brasil corresponde atualmente a 1,6 milhão de trabalhadores na categoria da Alimentação, sendo 440 mil distribuídos em frigoríficos e 140 mil em indústrias de bebidas. No Acre, esse número é de 2.779 trabalhadores. No Amazonas são 9.827 trabalhadores, e em Rondônia, são 16.969 trabalhadores.
Segundo pesquisa recente da subseção do Dieese na CNTA Afins, em 2013, o número de trabalhadores na Indústria da Alimentação nos três estados era de 29.575 e a remuneração média era de R$ 1.353,43; sendo de R$ 1.142,70 no Acre, R$ 1.278,39 em Rondônia e R$ 1.542,62 no Amazonas. Entre 2012 e 2013 a evolução dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação foi positiva, registrando um aumento de 772 postos de trabalho (+2,6%).
Participaram ainda do encontro: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Carne, Leite e Cereais de Rolim de Moura (SINTRA-ALI-RO); Sindicato dos Trabalhadores Industriários do Estado do Acre (SINTIACRE); Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas em Geral de Manaus (SINTRABEM) e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Gelo, Moagem de Café, Trigo, Rações, Sal, Frigoríficos, Vinagre, Laticínios, Castanha, Iogurte, Xaropes e Produtos Alimentícios no Estado do Amazonas (SINTAM); Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas de Rondônia (STIBRON) e Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Confeitaria de Rondônia.
Dados:
Número de trabalhadores e remuneração média
Trabalhadores no Abate e Fabricação de Carne
Amazonas: 413 trabalhadores – R$ 1.231,03
Rondônia: 10.023 trabalhadores – R$ 1.279,41
Acre: 1.185 trabalhadores – R$ 1.150,85
No Brasil: 440.150 trabalhadores e remuneração média de R$ 1.379,69 (até 2013)
Trabalhadores na Indústria de Bebidas
Amazonas: 3.402 trabalhadores – R$ 2.196,09
Rondônia: 1.218 trabalhadores – R$ 1.480,07
Acre: 577 trabalhadores – R$ 1.311,82
No Brasil: 139.074 trabalhadores e remuneração média de R$ 2.144,73 (até 2013)
Número de trabalhadores nas indústrias de Alimentação
Acre: 2.779 trabalhadores – R$ 1.142,70
Amazonas: 9.827 trabalhadores – R$ 1.542,62
Rondônia: 16.969 trabalhadores – R$ 1.278,39
No Brasil: 1.616.365 trabalhadores e remuneração média de R$ 1.588,44 (até 2013)
Fonte: Subseção do Dieese na CNTA Afins
Mais informações:
www.cntaafins.org.br
PESQUISAS COMPLETAS AQUI: http://www.cntaafins.org.br/trabalhadores-da-alimentacao-ampliam-representacao-na-regiao-norte
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