Pacientes com anemia falciforme contam com atendimento especializado em odontologia no HRT

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Doença manifesta-se, também, na cavidade oral, o que reforça a importância de consultar regularmente com um profissional da área

ADRIANA SILVA, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF

A equipe de odontologia do Hospital Regional de Taguatinga oferece atendimento especializado para pessoas com anemia falciforme. A doença é uma das alterações genéticas mais frequentes no Brasil, que passa dos pais para o filho, e se caracterizada pela mutação no gene da hemoglobina, produzindo a hemoglobina S.A, anemia falciforme manifesta-se com anemia, icterícia, infecções, crises álgicas, úlceras de perna e acidente vascular cerebral.

Em adultos observa-se o maior risco de doenças periodontais e de cárie, não apenas pela utilização de medicamentos que suprimem o fluxo salivar, alterando os fatores de defesa do hospedeiro, como pela própria característica da depressão, comum nesses pacientes.
Outras complicações orais são bem mais frequentes nos pacientes com doença falciforme, como a osteomielite, neuropatia do nervo mandibular, dor orofacial e necrose pulpar assintomática.

O atendimento a esses pacientes no ambulatório de odontologia do Hospital Regional de Taguatinga é realizado logo após uma detalhada anamnese e exames clínicos, considerando todo o histórico da doença, a tolerância aos procedimentos operatórios e as condições físicas e emocionais do paciente. Já que uma situação de estresse poderia desencadear uma crise falcêmica.

O enfoque da equipe de saúde bucal frente a um paciente com doença falciforme é adotar medidas educativas estimulando uma maior consciência e autonomia a respeito de sua saúde, estimulando-o a adotar hábitos que resultem no autocuidado, como a prevenção da doença cárie e da doença periodontal, que envolve instrução de higiene oral, aplicação tópica de flúor, aplicação de selantes e adequação do meio bucal.

Atuação da odontologia

A cirurgiã-dentista Patrícia Ferreira Gontijo atua na Unidade de odontologia do HRT e fala da parceria entre os setores para o melhor atendimento desses pacientes. “Atuamos conjuntamente com a hematologia. Respondemos pareceres e acolhemos os pacientes com cuidados de atenção primária e especializada (CEO). São pacientes com várias comorbidades associadas, que merecem um atendimento humanizado e interdisciplinar”, explica.

O profissional de odontologia atua como integrante multidisciplinar e multiprofissional da rede e desenvolve importante função no tratamento da doença, por meio de exames laboratoriais, clínicos e radiológicos, para adoção da conduta mais favorável a esses pacientes. É importante ressaltar que pacientes com doenças falciformes possuem problemas clínicos em que o tratamento odontológico poderá desencadear crises falcêmicas em virtude do risco de infecções, bem como o estresse físico. Dessa forma, o profissional deve estar atento a todas as condições, clinicas e emocionais visando a diminuição das crises.

O cirurgião-dentista deve estar atento a qualquer foco de infecção bucal, atuando no sentido de eliminá-lo para evitar o desencadeamento de uma crise falcêmica.

Comitê técnico

No Distrito Federal existe um comitê técnico de hemoglobinopatias hereditárias, em que são cadastradas pessoas com anemia falciforme. Ele foi criado em 2013 com parceria entre a Fundação Hemocentro de Brasília e a Associação Brasiliense de Pessoas com Doença Falciforme (Abradfal).

Elvis Silva Magalhães é o coordenador científico da Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme e coordenador geral da Abradfal. Ele é transplantado de medula óssea há 16 anos, e sabe da importância desse atendimento direcionado.

“Essas pessoas não vão ao hospital à toa, quando elas chegam às emergências é porque elas não estão suportando mais a dor em casa, e ter profissionais treinados que seguem os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, para sanar a dor desses pacientes, é o que a gente busca, porque a dor da doença falciforme é uma dor excruciante”, informa.

O que é a Doença Falciforme?

Caracteriza-se pela alteração no formato dos glóbulos vermelhos, que devido a sua aparência de meia lua ou foice, é chamada de falciforme (em forma de foice). Devido a essa alteração, esses glóbulos têm um tempo de vida menor e aumentam o risco de obstrução dos vasos sanguíneos, o que pode levar o paciente a ter dor generalizada, apatia e fraqueza.

O diagnóstico da doença falciforme é feito nos primeiros dias de vida com o teste do pezinho, pois os sintomas aparecem logo nos primeiros quatro meses da criança. Outro meio de descobrir a existência da doença é feito por meio da dosagem de bilirrubina associada ao hemograma em pessoas que não fizeram o teste do pezinho ao nascer.

Pacientes com doença falciforme tendem a desenvolver infecções bacterianas orais com mais frequência, devido a mutação dessa hemoglobina.

As consultas regulares com um profissional de odontologia tornam-se importante pois a doença manifesta-se também na cavidade oral. Em crianças pode-se observar hipomineralização em esmalte e dentina e atraso na erupção dos dentes.

Quando o hematologista necessita de um parecer ou um atendimento especializado ele encaminha diretamente para a Unidade de Odontologia do HRT, que conta com profissionais habilitados em Odontologia Hospitalar.

O atendimento no ambulatório do HRT é regulado, e os pacientes são direcionados à unidade via Regulação. O atendimento inicial ocorre nas unidades básicas de saúde que encaminham, quando necessário, os pacientes para uma unidade especializada. Na Região de Saúde Sudoeste, a referência é o HRT, cujo ambulatório oferece atendimento em Endodontia, Periodontia e Cirurgia.