Entre Conexões e Solidão: o paradoxo da era hiperconectada

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Vivemos tempos em que tudo parece estar a um toque de distância. Redes sociais, mensagens instantâneas, videoconferências. Nunca estivemos tão “conectados” e, paradoxalmente, talvez nunca tenhamos nos sentido tão sozinhos.

Foi sobre esse fenômeno contemporâneo que o psicólogo Rogério Rodrigues conversou no episódio mais recente do Podcast Voz Ativa, apresentado por Fernando Fidelis e Michelle Tavares. O tema, “Entre Conexões e Solidão: como a falta de vínculos está nos adoecendo”, trouxe uma reflexão profunda sobre o impacto da hiperconexão e da cultura do individualismo em nossa saúde mental e emocional.

Segundo Rogério, 1 em cada 6 pessoas no mundo se sente solitária, e isso não é apenas um estado emocional: a solidão aumenta em 26% o risco de morte prematura e dobra as chances de depressão. “Estamos trocando a profundidade dos vínculos pela largura das redes”, resumiu o psicólogo, ao explicar que a vida digital multiplicou a quantidade de contatos, mas esvaziou a qualidade das relações.

Para ele, a solidão vai muito além da ausência de pessoas. “É possível estar cercado de gente e ainda assim se sentir completamente só”, afirmou. Rogério destacou que isolamento social é uma condição objetiva — a falta de contato com outros —, enquanto solidão é subjetiva: nasce da diferença entre o quanto desejamos estar conectados e o quanto realmente nos sentimos pertencentes.

O episódio também explorou as consequências biológicas da solidão. Quando ela se torna crônica, o corpo reage como se estivesse sob ameaça constante. O aumento do cortisol, a inflamação e os problemas cardiovasculares são apenas alguns dos efeitos de viver em estado de alerta permanente. “A solidão adoece o corpo porque o cérebro a interpreta como um perigo real”, explicou.

Mas o problema, segundo ele, é também cultural. Vivemos em uma sociedade que romantiza a independência e o “cada um por si”, esquecendo que somos uma espécie essencialmente social. “O lobo solitário é admirado nas redes, mas na natureza é o que mais sofre”, disse Rogério, em uma das frases mais marcantes do episódio.

Ao falar sobre soluções, o psicólogo reforçou que reconstruir vínculos reais é o melhor antídoto para a solidão. Isso começa em gestos simples: “Cumprimentar o vizinho, conversar com alguém no ônibus ou no mercado. Pequenas interações reforçam nosso senso de pertencimento e humanidade compartilhada.”

Campanhas como a ‘Knot Alone’, lançada pela OMS, também foram destaque na conversa. Elas chamam atenção para o fato de que a solidão não é fraqueza, e sim um problema de saúde pública que merece atenção e políticas específicas.

“Não é a quantidade de conexões que nos salva, mas a qualidade delas. É no olhar, na escuta e na presença real que reencontramos o sentido de estar juntos”, destacou Rogério.

O episódio completo do Podcast Voz Ativa está disponível no YouTube, e vale cada minuto de reflexão.
🎧 Assista na íntegra e participe dessa conversa sobre o que realmente nos conecta: a humanidade que existe em cada encontro.