Livro desconstrói clichês sobre paisagens naturais
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A partir da contextualização histórica e cultural, bióloga brasiliense vai além da associação visual às paisagens e destaca a importância da conservação desses espaços, independente das áreas terem sido transformadas pelas atividades humanas
Por Clarice Gulyas
Como decisões políticas, processos biológicos e costumes locais podem influenciar a transformação de diferentes paisagens no mundo? Novo livro de autoria da bióloga brasiliense Nurit Bensusan reúne curiosidades históricas e culturais com o objetivo de desconstruir mitos e clichês sobre paisagens e faz um alerta sobre a importância da conservação desses espaços. A obra 7 Histórias de Paisagens e Uma Biografia, da editora Mil Folhas (ligada ao Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB), será lançada no dia 10 de dezembro, no Ernesto Cafés Especiais, em Brasília (DF). Na ocasião, será comemorado o aniversário de 18 anos da ONG, que desenvolve e fortalece ações voltadas para a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente.
Com linguagem acessível para todas as idades, o livro aborda em suas 60 páginas e ilustrações diferenciadas, assinadas pela artista plástica Ana Cartaxo, os principais processos de transformação de paisagens pelo mundo, passando pela savana africana, a Amazônia, os bosques de Minnesota, Tierra del Fuego (ilha localizada ao sul da Patagônia) e Madagascar. O livro também desassocia o fogo com a destruição da natureza, citando exemplos da importância de queimadas estratégicas e até da caça de animais para a renovação ou reconstrução da fauna e da flora em alguns países e continentes. Considerada símbolo da “natureza intocada”, Nurit Bensusan classifica a Amazônia como uma floresta cultural que é fruto de séculos de atividades humanas, que chegou a ser habitada por cerca de 8 milhões de pessoas durante a descoberta das Américas.
A autora, que lançou recentemente a obra Dividir Para Quê? – Biomas do Brasil, conta que a ideia para o tema do livro surgiu a partir do gosto pela coleção de histórias sobre as paisagens e também por notar a percepção errônea que as pessoas têm sobre esses espaços.
“Muitas vezes as pessoas enxergam as paisagens como uma foto ou cenário, ao invés de um processo em constante transformação. Achei importante mostrar que as paisagens têm muita história e este conteúdo influencia a cultura das pessoas, assim como as pessoas influenciam as paisagens. Esse é um livro de fácil compreensão para qualquer tipo de público e que tem uma ilustração muito bonita e que significa um gesto de amizade transgeracional, onde adolescentes e adultos podem ler e conversar sobre o assunto.”, conta.
O que vale a pena ser conservado?
Em 7 Histórias de Paisagens e Uma Biografia, Nurit Bensusan propõe a reflexão sobre o conceito de paisagens naturais. Mas, afinal, “o que é natural? Algo que não tem influência humana? Mas os humanos não são seres naturais? Por que fazer essa distinção?”, questiona a bióloga e engenheira florestal.
“Essa categoria de paisagens naturais que não foram tocadas pelos humanos adquire muita importância para os movimentos de conservação da natureza, que acreditam que as paisagens que valem a pena ser conservadas são aquelas que não foram tocadas pelos humanos. No entanto, o que precisa ser conservado, quando falamos em conservação do meio ambiente e da biodiversidade, são os processos que geram essas paisagens e que mantém e transformam essas paisagens. Não interessa se foram tocadas ou não e, sim, que os processos ecológicos, evolutivos, biológicos, continuem acontecendo”, comenta.
Na biografia sobre o flamboyant, a autora revela como a planta proliferou-se pelo mundo por sua beleza, mas ao mesmo tempo está em extinção no seu habitat natural, em Madagascar. Para Bensusan, que também é doutora em Educação e mestre em Ecologia, é preocupante a existência de uma preferência maior da conservação de paisagens visualmente mais bonitas.
“Nos Estados Unidos, os primeiros ambientes a serem conservados foram os ambientes que as pessoas acreditavam que eram paisagens sublimes, maravilhosas. A ideia é que quando se tem uma paisagem bonita ela vale a pena ser conservada. Os pântanos da Flórida (EUA) só foram conservados quase cem anos depois que os primeiros parques nacionais americanos foram criados. No Brasil, os primeiros parques a serem criados foram o de Itatiaia e o Foz do Iguaçu, que são lindos. Então, quando se tem paisagens como os pântanos e os mangues, que são fundamentais em termos biológicos, mas como não são lindões, parecem que têm uma importância menor. Isso também vale para as espécies de animais.”, afirma.
Autora de mais de 15 títulos técnicos sobre Ciência e meio ambiente, Nurit Bensusan passou a investir no público infantil a partir de 2010 com a criação do kit livro + jogo O Mar em Verso. Na sequência, criou a Biolúdica, uma oficina de criação de jogos com temas biológicos, e lançou, em 2011, outro kit: o Biobrazuca e, mais tarde, os jogos de cartas conhecidos como “jogos biolúdicos”, que deram origem ao Bioquê?, Tsunami, Protetores da Existência na Terra (PET) e Meta Morfus. Em 2012, Bensusan lançou o livro-jogo Rio + 20, +21, +22, +23… na abertura da conferência internacional e seguiu com os títulos Quanto Dura Um Rinoceronte? (2012) e Labirintos – Parques Nacionais (2012), conquistando o prêmio o Prêmio MalbaTahan da Fundação Nacional do Livro Infanto-juvenil (FNLIJ), destacando-se também como finalista do prêmio Jabuti, em 2013. Sua última obra destinada ao público infanto-juvenil, Dividir Para Quê? – Biomas do Brasil, foi lançada em outubro de 2015.
Serviço:
Lançamento da obra 7 Histórias de Paisagens e Uma Biografia
Data: 10 de dezembro de 2015 (quinta-feira)
Hora: a partir das 18h30
Local: Ernesto Cafés Especiais – SCLS 115, bloco C, loja 14 (Asa Sul)
Classificação: livre
Valor do livro: R$ 60,00
Pontos de vendas: Ernesto Cafés Especiais e editora Mil Folhas ( http://livraria.iieb.org.br/ )
Sobre Nurit Bensusan:
Bióloga e engenheira florestal, pós-graduada em História e Filosofia da Ciência pela Universidade Hebraica de Jerusalém, mestre em Ecologia e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). É criadora da Biolúdica (http://www.bioludica.com.br), oficina de jogos com temas biológicos voltada para crianças e adolescentes. Participa também do coletivo de ideias Biotrix (http://www.biotrix.com.br ). Possui mais de 15 livros publicados, entre eles Biodiversidade: é para comer, vestir ou passar no cabelo (IEB); Meio Ambiente: e eu com isso? (Ed. Peirópolis); Quanto dura um rinoceronte? (Ed. Peirópolis) ;Seria melhor mandar ladrilhar? (Editora Universidade de Brasília e Peirópolis) e A diversidade cabe na unidade: áreas protegidas no Brasil (Ed. Mil Folhas). Seu livro Labirintos: parque nacionais (Ed. Peirópolis) ganhou o Prêmio MalbaTahan da Fundação Nacional do Livro Infanto-juvenil (FNLIJ) e foi finalista do prêmio Jabuti, em 2013. Foi responsável pela área de biodiversidade e coordenadora de políticas públicas do WWF Brasil, coordenadora de biodiversidade no Instituto Socioambiental e coordenadora do núcleo de gestão do conhecimento do Instituto Internacional de Educação do Brasil. Hoje é professora visitante da Universidade de Brasília.
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