Alimentação: Trabalhadores defenderão cláusulas nacionais
de saúde e de segurança nas negociações de 2017
Categoria busca unidade para resistir às pressões do governo e das empresas
Representante de trabalhadores ligados aos setores com os maiores índices de acidentes de trabalho do País, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) realizou nessa quarta (30/11), o Encontro Nacional da Categoria Profissional da Alimentação, em Brasília (DF). Dirigentes sindicais votaram pela priorização dos temas Saúde e Segurança nos acordos e convenções coletivas de trabalho em 2017. Cláusulas nacionais discutidas no evento serão aprimoradas e divulgadas nos próximos dias.
À frente da confederação que representa 1,6 milhão de trabalhadores no Brasil, Artur Bueno de Camargo afirma que um dos principais problemas enfrentados pela categoria diz respeito ao vínculo empregatício do médico do trabalho com as empresas. Segundo ele, itens nacionais de reivindicações serão elaborados nos próximos dias para que os temas de segurança e saúde dos trabalhadores prevaleçam nos acordos e convecções coletivas.
“Essa subordinação retira a autonomia do profissional para que ele tenha uma atuação preventiva, tão importante, por exemplo, nos frigoríficos, onde há grande incidência de lesões por esforços repetitivos. Temos observado que ao invés de prevenir, esses médicos acabam medicando os trabalhadores para camuflar doenças que podem ser agravadas e isto nos preocupa”, comenta Bueno, que defende o acompanhamento dos sindicatos e das Comissões de Prevenção de Acidentes (CIPA) na prevenção de doenças e acidentes nas indústrias da Alimentação.
Fortalecimento
O presidente da CNTA afirma que a categoria, que reúne cerca de 350 entidades sindicais, tem buscado se organizar para intensificar trabalhos junto ao governo, o Congresso Nacional e o Ministério da Saúde. E para enfrentar as dificuldades peculiares da categoria e do movimento sindical, os representantes sindicais contarão com uma ferramenta que deverá ser renovada ainda esse ano: as Secretarias Nacionais da confederação. No entanto, Artur Bueno aproveitou o momento para cobrar mais compromisso das lideranças com seus representados.
“Assim como foi aprovado em nosso último congresso, entendemos que só vamos conseguir fortalecer as entidades sindicais quando nós retomarmos as lutas de base. Se não houver a luta de base, junto aos sindicatos e os trabalhadores das empresas, nós não iremos conseguir fortalecer as representações sindicais. Então, esse é o nosso foco: proporcionar condições aos sindicatos para que eles possam trabalhar junto aos seus representados e poder realmente fazer com que novamente as mobilizações de base venham a ocorrer”, afirma.
FST
Na ocasião do evento, Artur Bueno de Camargo anunciou seu novo cargo como Coordenador-Geral do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), até então ocupado por Lourenço Ferreira do Prado, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito. Com mais de 30 anos de trajetória sindical, ele assume nesta quinta (1/12) a direção do FST, com mandato até 30 de novembro de 2018. Bueno foi eleito por unanimidade pelas confederações que congregam a entidade, que apesar de ter status de central sindical, tem o propósito político de resgatar o protagonismo das confederações profissionais, representantes legítimos dos trabalhadores de categorias diversas.
“Tenho de parabenizar as representações da categoria profissional da Alimentação por isto, pois foi através de trabalhos conjuntos dessas entidades com a CNTA que tivemos o apoio unânime das demais confederações de trabalhadores para assumir a direção do FST. Esse é sem dúvida algum um desafio muito grande, mas eu tenho certeza de que com o empenho de toda a categoria, nós possamos alcançar um patamar de representação que possa dar uma resposta à altura em relação às demandas dos trabalhadores.”, avalia.
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