Custeado com recursos do Fundo de Urbanização da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), o Rotas Acessíveis vai gerar com a primeira e segunda etapas 224 empregos diretos e indiretos, num contra-ataque assertivo à falta de ocupação, agravada em tempos de pandemia. O foco é melhorar a acessibilidade para usuários de transporte urbano que têm algum tipo de necessidade especial, como cadeirantes e deficientes visuais.
As modificações ocorrem a partir do ponto de ônibus e se estendem até a porta do hospital. Ao descer do coletivo, o usuário especial já encontra paradas com sinalização tátil, para orientar pessoas portadoras de deficiência visual. São faixas em alto-relevo fixadas no chão – e esses pisos têm, como serventia, auxiliar a caminhada das pessoas, sejam elas deficientes visuais, crianças ou idosos.
Além disso, o piso é feito de bloquetes, que são mais retilíneos e fácil de se trafegar. As paradas transformadas também possuem acessibilidade para os cadeirantes. E uma rampa que vai até a porta do hospital. São mais de um quilômetro de calçada padrão Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), com dois metros de largura.
Os hospitais onde o entorno das paradas estão sendo preparados para a locomoção de pessoas portadoras de necessidades especiais são os de Planaltina, Sobradinho, Guará, Ceilândia e Samambaia.
Os hospitais de Santa Maria e Brazlândia estão com o entorno já praticamente prontos. Faltam apenas detalhes para as obras serem concluídas. É o caso da paradas na Avenida Alagados de Santa Maria. Falta apenas um pedaço de calçada em frente ao ponto de ônibus no sentido Plano Piloto. A outra parada, em direção ao Entorno Sul, já está pronta.
O morador de Santa Maria Fabrício Amorim, 31 anos, campeão brasileiro de caiaque para atletas portadores de necessidade especial e cadeirante, testou a acessibilidade da parada em frente ao Hospital Regional de Santa Maria a pedido da Agência Brasília.
Ele aprovou. “Ficou muito bom, bem regular”, atestou Amorim, que mora na 302 de Santa Maria. “Isso é essencial para todo mundo. Não só para cadeirante”, disse ele, depois de fazer o trajeto duas vezes.
O teste foi acompanhado de perto pelo pintor do Gama Antônio Nascimento Albino, 41, que aguardava o ônibus. “Ficou bacana. Acessibilidade muito boa”, afirmou Antônio Nascimento. “Quanto melhor facilitar a vida deles, mais dignidade terão”, emendou.
Para chegar a esse grau de satisfação, o Rotas Acessíveis foi originado num berçário, a partir de um grande levantamento de unidades hospitalares com maior fluxo de pessoas que utilizam transporte público.
Para descrever esse périplo, a coordenadora de Projetos da Seduh, Anamaria de Aragão, que está à frente do Rotas Acessíveis. “Formatamos um programa com as principais rotas a partir dos pontos de ônibus aos hospitais públicos e centros de ensinos especiais, que será a segunda etapa”, conta ela.
“A gente verificou que esses hospitais trazem gente de várias localidades do Distrito Federal. E que eles se deslocam de ônibus. Quando eles descem na parada, têm muita dificuldade de percorrer até essas unidades de saúde ou escolar, que chega a ficar até 200 metros de distância. Esse projeto vai melhorar esse trajeto”, explicou ela.
Foram gastos com essa fase dos pontos pertos dos hospitais aproximadamente R$ 4 milhões. A segunda etapa do Rotas Acessíveis envolverá as escolas públicas – mais precisamente os centros de ensino especiais. E cobrirá os arredores de sete colégios, realizando adaptações semelhantes às das paradas de ônibus. Nesta segunda etapa serão investidos R$ 5,7 milhões dos recursos do Fundo de Urbanização da Seduh.
As unidades são: Centro de Ensino Especial 1 do Gama, Centro de Ensino Especial 1 de Brazlândia, Centro de Ensino Especial 1 de Samambaia, Centro de Ensino Especial 2 de Ceilândia, Centro de Ensino Especial 1 de Sobradinho, Centro de Ensino Especial 1 de Taguatinga, Centro de Ensino Fundamental 308 de Santa Maria.
FONTE: ARY FILGUEIRA, DA AGÊNCIA BRASÍLIA | EDIÇÃO: RENATO FERRAZ