“A semana inteira, fiquei te esperando. Pra te ver sorrindo…”. Os versos cantados por Tim Maia celebravam o momento de grande emoção no Hospital de Campanha Mané Garrincha. Mas, foi bem mais que uma semana. Dezessete dias separaram João Capuzo, 76, da família, para uma luta diária contra a Covid-19.
Nesta segunda-feira (7), ele venceu e se tornou o paciente de número 1.500 a ganhar alta no hospital. Até o momento, já foram 1.530 recuperados na unidade.
“É muita felicidade, recebi um tratamento nota 10 do governo. Tinha hora que pensei que não ia dar, pois, foi a pior prova que já passei na vida. Agradeço a Deus por voltar pra minha família, motivo maior pra comemorar”, conta João, que deixou o Mané Garrincha aplaudido por uma dúzia de profissionais da equipe médica que cuidou dele.
Ainda sentado em uma cadeira de rodas, ganhou um abraço longo e emocionado da filha Priscila, que aguardava ansiosamente a chegada do pai e o conduziu até o carro.
“Foram dias de muita aflição, chegava a fazer até cinco ligações de vídeo todo dia para meu pai. Agora, vamos pra casa e realizar um culto de ação de graças pela vida dele. Nossa eterna gratidão a toda essa equipe do hospital”, afirma a médica-veterinária, que mora com o pai e o restante da família em Arniqueira.
Assim como João Capuzo, outros 33 pacientes deixaram nesta segunda-feira (7) o hospital de campanha. Desde 22 de maio, quando começou a funcionar, a unidade já recuperou até hoje 1.530 pacientes infectados com o novo coronavírus. Um trabalho minucioso e persistente numa unidade que conta com 197 leitos, sendo 173 de enfermaria, 4 de estabilização e 20 de suporte avançado.
“Um feito importantíssimo. Ele é parte do esforço que o GDF fez para implantar milhares de leitos para recuperação de pacientes com Covid. Excelente equipe e espaço, que levaram rapidamente recuperação à todos esses pacientes”, afirma Olavo Muller , secretário-adjunto de assistência a Saúde.
Um ipê de pacientes
A estrutura temporária criada pelo GDF para o enfrentamento à pandemia conta com 104 profissionais de diversas especialidades: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, técnicos de laboratórios, entre outros. Um time que diariamente se esforça em busca da recuperação de milhares de pessoas e aprende um pouco mais com cada caso da doença.
“Costumo dizer que aqui o paciente não é observado, e sim cuidado diuturnamente. Um hospital que desafoga o restante da rede pública e que oferece um serviço de qualidade, salvando vidas todos os dias”, revela o médico e diretor do hospital, Marcelo Mello.
Mello destaca que em agosto o Hospital de Campanha Mané Garrincha apresentou uma taxa de ocupação de leitos de 67%, ainda abaixo da média do DF que foi de 69% naquele mês. O percentual de até 70% é considerado dentro dos padrões pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Ter mais de 1,5 mil altas é uma alegria imensa. Apesar da rotina das pessoas estar voltando ao normal, a pandemia ainda não acabou. Ainda está muito presente por aí. Nossa estrutura é maravilhosa e a cada alta, a sensação é de dever cumprido”, diz a chefe da equipe médica, Anna Carolina Erbesdobler.
Ela e a equipe montaram um ipê amarelo de papel com as tradicionais flores da mesma cor e os nomes de cada um dos pacientes pendurados nos galhos marrons. Apesar dos bons números, a luta contra a doença segue em todo o Brasil. Já são mais de 120 mil mortes e o distanciamento social é o recomendado. Mas, para o hospital de campanha uma nova marca não tarda: “rumo aos 2.000 recuperados!”
FONTE: RAFAEL SECUNHO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON